0 O Fruto do Espírito - R. C. Sproul
Romanos
12.1-21; 1 Coríntios 12.1—14.40; Gálatas 5.19-26; Efésios 4.1—6.20
O fruto do Espírito Santo é um
dos aspectos mais negligenciados do ensino bíblico sobre santificação. Há
várias razões para isso:
1. A preocupação com as coisas exteriores.
Embora os estudantes muitas vezes murmurem e reclamem quando têm de fazer uma
prova na escola, há um sentido em que realmente queremos fazer as provas.
Sempre encontramos nas revistas modelos de testes que medem habilidades,
realizações ou conhecimentos. As pessoas gostam de saber em que nível estão.
Será que consegui alcançar a excelência numa certa área, ou estou afundando na
mediocridade?
Os cristãos não são diferentes.
Tendemos a medir nosso progresso na santificação examinando nosso desempenho de
acordo com padrões externos. Proferimos maldições e palavrões? Bebemos muito?
Vamos muito ao cinema? Esses padrões são frequentemente usados para medir a
espiritualidade. O verdadeiro teste — a evidência do fruto do Espírito Santo —
geralmente é ignorado ou minimizado. Foi nesta armadilha que os fariseus
caíram.
Nós nos afastamos do verdadeiro
teste porque o fruto do Espírito é difícil demais. Exige muito mais do caráter
pessoal do que os padrões exteriores superficiais. É muito mais fácil evitar
falar um palavrão do que adquirir o hábito de ter uma paciência piedosa.
2. A preocupação com os dons. O mesmo
Espírito Santo que nos guia na santidade e produz fruto em nós também distribui
os dons espirituais aos crentes. Parecemos muito mais interessados nos dons do
Espírito do que no fruto, a despeito do ensino claro na Bíblia de que alguém
pode possuir dons e ser imaturo no progresso espiritual. A carta de Paulo aos
Coríntios deixa isso muito claro.
3. O problema dos descrentes justos. É
frustrante medirmos nosso progresso na santificação pelo fruto do Espírito
Santo porque as virtudes relacionadas às vezes são exibidas num nível maior por
descrentes. Todos nós conhecemos pessoas não-cristãs que demonstram mais
bondade ou mansidão do que muitos cristãos. Se as pessoas podem ter o
"fruto do Espírito" independentemente do Espírito, como podemos
determinar nosso crescimento espiritual desta maneira?
Há uma diferença qualitativa
entre as virtudes do amor, alegria, paz, longanimidade, etc, engendradas em nós
pelo Espírito Santo e aquelas exibidas são egoístas. Quando, porém, um crente
exibe o fruto do Espírito, ele está mostrando características que, em última
análise, são voltadas para Deus e para o próximo. Ser cheio do Espírito Santo
significa ter uma vida controlada pelo Espírito; os não-crentes só podem exibir
essas virtudes espirituais no nível da capacidade humana.
Paulo faz uma lista das
virtudes do fruto do Espírito em sua carta aos Gálatas: "Mas o fruto de
Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade,
fidelidade, mansidão, domínio próprio" (Gl 5.22,23). Estas virtudes
caracterizam a vida cristã. Se somos cheios do Espírito, vamos exibir o fruto
do Espírito. Isso, porém, obviamente envolve tempo. Não são ajustes
superficiais do caráter que ocorrem da noite para o dia. Tais mudanças envolvem
uma reformulação das disposições mais íntimas do coração, o que representa um
processo de longa vida de santificação pelo Espírito.
Sumário
1. Tendemos a negligenciar o estudo do
fruto do Espírito Santo porque: (1) nos preocupamos mais com aspectos
exteriores; (2) nos preocupamos mais com os dons espirituais e (3) reconhecemos
que muitas pessoas incrédulas exibem as virtudes espirituais melhor do que os
cristãos.
2. É mais fácil medir a espiritualidade
por fatores exteriores do que pelo fruto do Espírito.
3. Podemos ter os dons espirituais e mesmo
assim ser imaturos.
4. Existe uma diferença qualitativa entre
a presença das virtudes espirituais nos incrédulos e nos crentes. Nos incrédulos,
a virtude demonstra um mero esforço humano. Nos cristãos, as virtudes
espirituais representam o Deus Espírito Santo produzindo um fruto espiritual
numa medida além da capacidade humana.
Para discussão e avaliação
1. Quais, são alguns motivos pelos quais o
fruto do Espírito Santo é um dos aspectos do ensino bíblico que é mais
neglicenciado?
2. Qual é a diferença qualitativa entre o
fruto do Espírito manifestado pelo cristão e as outras características
semelhantes encontradas na vida de não cristãos?
3. Por que o cultivo do fruto do Espírito
leva muito tempo na vida do cristão?
4. Que podemos fazer para cultivar o fruto
do Espírito em nossa vida?
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