0 Falsos profetas – John Stott (1921-2011)
Ao dizer às pessoas que
tivessem "cuidado com os falsos profetas" (Mt 7.15), Jesus obviamente
assumiu que eles existiam. Não faz sentido você pôr um alerta no portão do seu
jardim: "Cuidado com o cão!", se tudo que tiver em casa for um casal
de gatos ou um periquito australiano. Não. Jesus alertou seus seguidores sobre
os falsos profetas porque eles já existiam.
Nós os encontramos, em
numerosas ocasiões, no AT, e Jesus parece ter considerado os fariseus e
saduceus da mesma forma — "líderes cegos conduzindo outros cegos" —;
foi dessa forma que ele os chamou. Jesus também deixou implícito que eles
cresceriam e que o período que precederia o fim seria caracterizado não apenas
pela expansão do evangelho, mas também pelo surgimento de falsos mestres que
levariam muitos a se desviar.
Ouvimos falar a
respeito deles em quase todas as cartas do NT. São chamados de "falsos
profetas" ("profetas", presumivelmente porque afirmam ter
inspiração divina), de "falsos apóstolos" (porque afirmam ter
autoridade apostólica), de "falsos mestres", ou, até mesmo, de
"falsos cristos" (porque tem pretensões messiânicas). Mas cada um
deles é "falso" — pseudoprofeta, pseudo-apóstolo, pseudomestre ou
pseudocristo —; pseudos é a palavra grega para mentira.
A história da Igreja
tem um longo e som¬brio histórico de controvérsias com os falsos mestres. O
valor dessas controvérsias, na prevalente providência de Deus, é que elas
apresentaram à Igreja um desafio para pensar e definir a verdade, mas causaram
muito prejuízo. Infelizmente, ainda hoje há muitas delas nas igrejas.
Ao nos recomendar que
tivéssemos cuidado com os falsos profetas, Jesus fez outra conjectura: há um
padrão objetivo de verdade que deve ser distinguido do falso profeta. A noção
de "falso" profeta seria irrelevante, se isso não fosse verdade.
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